5 gramas de açúcar

Estados Unidos da América

Fartinho de encher açúcareiros e de negócios que falharam, Benjamin Eisenstad (Nova Iorque, 1906-1996) revolucionou a forma como se passou a servir o açúcar na restauração e introduziu o adoçante nos nossos hábitos de consumo.
Clarificando. Até aos 50 anos Eisenstad teve uma vida atribulada. Em 1929 formou-se em Direito mas a Depressão estragou-lhe os objectivos e foi trabalhar para a restauração, tendo aberto em 1940 uma cafetaria em Cumberland Street, Brooklyn, cujo sucesso terminou com o fim da 2ªGG. Então, fundou no mesmo local uma embaladora de chá, a “Cumberland Packing Company” que em 1947 já não tinha futuro. Para ultrapassar a crise teve a brilhante ideia de substituir o empacotamento de chá por açúcar mas esqueceu-se de registar a patente e as grandes refinadoras de açúcar aproveitaram a ideia sem custos acrescidos.

slow-t-nome O sucesso chegaria em 1957 com o registo da patente do uso da sacarina na forma sólida como substituta do açúcar a que deu o nome de                      “Sweet ‘N Low” (1).

Tendo em conta que a máquina de embalar passou do chá para o açúcar pode muito bem ser por isso que os pacotes de açúcar americanos apresentam um lado dobrado e os outros três lados selados.txt_assucar_cha

Europa

Na Europa a história do empacotamento do açúcar não tem a ver com pacotes mas sim com cubos.
Desde o século XVIII o açúcar era vendido em torrões que os utilizadores cortavam em pequenos pedaços para adoçar as bebidas. Foi ao cortar um pedaço de açúcar para o chá que Juliana Rad se cortou e logo aí fez valer o seu estatuto de casada com Jakub Krystof Rad, dono de uma refinaria de açúcar na Moravia (República Checa), levando o industrial a patentear em 1843 um método para fabricar pequenos cubos adequados a uma chávena de chá.
Em 1857 o alemão Carl Eugen Langen patenteou uma outra forma de produção de açúcar em cubos que em 1872 foi comprada por Henry Tate, inglês fundador da londrina Tate Gallery e da firma que deu origem à Tate & Lyle (2), embaladora bem conhecida dos coleccionadores portugueses.
Na Holanda a firma “Van Oordt”, conhecida em Portugal pela série de pacotes circulares do Campeonato Mundial de Futebol 2006, começou a produzir em 1927 pacotes em cartão cheios à colher mas veio a optar por cubos envoltos em papel.

Os franceses são grandes fãs dos cubos de açúcar. Em 1908 a firma “ASEPT” apresentava os pequenos cubos cobertos por uma folha de papel dobrada sobre quatro lados. Vinte anos depois (3) na comuna de Hendaia (Pirenéus Atlânticos), poderá ter sido produzida a primeira embalagem com a impressão de um nome (causa primeira da existência de coleccionadores de pacotes de açúcar). Em 1931 uma firma de Estrasburgo (Alsácia) passou a embalar segundo um processo ainda em uso, recorrendo a uma banda envolvente sobre um invólucro de papel protector (só se colecciona a banda).

Após a 2ªGG o pacote de açúcar de Eisenstad conquistou a Europa e todos os países onde se servem doses individuais de açúcar (cerca de 5g em média) mas os cubos continuam em produção e apareceram outros formatos.
No que aos coleccionadores interessa os invólucros de papel tomam formas distintas: saquetas. saquetas com colher, sticks, cubos e tetraedros.

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Uma consulta (agosto 2016) ao sítio internacional de colecções “colnect” permite avaliar de entre os tipos de invólucros apresentados as quantidades relativas disponiveis. Assim, num universo de 175 países e 47.827 unidades de 606 coleccionadores verifica-se:

78% saquetas__________37.360 Un
14% sticks______________6.650 Un
8% cubos_______________3.724 Un
0,2% tetraedros________93 Un

Nesta amostra os cubos têm uma percentagem grande porque são muito comuns em França.

(1) O poeta inglês Tennyson escreveu o poema “Sweet and Low” popularizado como canção de embalar e que foi cantada por Bette Midler.
(2) a Tate & Lyle adquiriu na totalidade a Sidul e a Sores (Alcântara – Sociedade de Empreendimentos Açucareiros, SA.) em 1993, e em 2010 o grupo ASR – American Sugar Refining – comprou o negócio europeu do açúcar ao Grupo Tate & Lyle.
(3) um decreto francês de 12 janeiro 1918 em vigor até 1928 proibiu servir açúcar em lugares públicos

Fontes:
https://www.nytimes.com/1996/04/10/
Who Made That Sugar Cube? By PAGAN KENNEDY NOV. 16, 2012 magazine do New York Times
https://fr.wikipedia.org/wiki/Glycophilie